quinta-feira, 3 de março de 2011

Entre olhares.


Era carnaval e obedecendo a um costume antigo da cidade interiorana onde moravam e muito, mais muito raramente mesmo se viam, era época de viajar para as cidades praieiras e curtir aquele sol de verão durante os cinco dias de intensa folia. Era a época do tudo pode, do tá liberado.
Coincidência ou não eles estavam na mesma cidade, coincidência ou não as casas alugadas para que passassem a curta temporada carnavalesca ficavam de frente uma para outra, coincidência ou não o que mal acontecia (leia-se quase nunca ou somente nunca) durante o ano todo em suas cidades de origem aconteceu no primeiro dia de carnaval, eles se entre olharam e por longos dois minutos o mundo parou tanto de um lado quanto do outro.
Era sábado ela acordou sem esperar muito desse ou até mesmo dos outros quatro dias que se seguiriam, colocou seu biquíni estampado em verde/azul/branco no qual as cores se misturavam de maneira interessante, calçou suas havaiannas das quais as cores não vem ao caso, mas que combinavam perfeitamente bem com o verde/azul/branco do biquíni, esqueceu o protetor solar como sempre e foi pegar seu sol a beira-mar, voltou para casa um tanto quanto "ardida" devido ao seu esquecimento anterior e decidida a não voltar mais a praia naquele dia, tomou banho, tentou esconder a vermelhidão do rosto e finalmente aprontou-se para sair de casa pela segunda vez no dia apenas para ficar no alpendre junto de seus amigos, já passava das três da tarde. Mal colocou seus pés para fora de casa e se perdeu naquele olhar. Logo mais a noite suas mãos suavam, sentia borboletas no estomago, seu corpo estava quente e a vermelhidão no rosto já não dava mais para ser escondida, neste momento tomou conta do esquecimento do protetor solar e descobrir que além do sol a beira-mar ela também pegou uma leve insolação, pensou em deitar-se, mas logo desistiu disso, é que aquele olhar a havia deixado inquieta para dormir, fez bem, pouco tempo depois ele surgia na porta da casa para conversar com a dona do olhar que também lhe perturbou. Suas mãos suavam mais ainda. Iniciaram uma conversa e por alguns instantes a cordialidade  e o embaraço gritantes naquela conversa eram irritantes, porém logo tudo se ajeitou e de um silêncio mutuo surgiu um beijo.
Os dias de carnaval se seguiram, eles estavam sempre grudados, felizes, radiantes, aproveitavam cada segundinho daqueles quatro dias restantes como se fossem morrer no segundo seguinte, o que realmente poderia acontecer afinal estamos sempre em perigo constante, mas eles nem pensavam nisso só queriam aproveitar, se curtir, se conhecerem melhor e assim o fizeram. Ela derretia-se toda quando ele elogiava sua beleza e inteligência com palavras tão sutis e gentilezas indizíveis, ele se pavoneava com o elogio dela ao seu sorriso perfeito e seu olhar mais do que penetrante.
Eles eram um casal quase perfeito, mas o amor era um amor de praia e estes em sua maioria, como sabemos, não sobem a serra e eles não foram a exceção.
Na quarta-feira de cinzas despediram-se de longe, talvez pra não terem a certeza de que tudo ficaria ali mesmo nas areias da praia, se perderam um do outro, mas com certeza um marcou a vida do outro de uma maneira diferente e eles nunca mais esqueceram os cinco mágicos dias em que estiveram juntos.


[Kika Santos]


1 comentários:

Kelly Chrys disse...

own,Bela história.
Éhh amiga quando ha um encantamento ente olhares, fica díficil né. rsrs

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